Juízas afegãs ameaçadas pelo Talibã chegam ao Brasil

Juízas afegãs ameaçadas pelo Talibã chegam ao Brasil

Sete juízas afegãs e seus familiares, que receberam vistos humanitários, chegaram ao Brasil nesta semana após pedido de ajuda. O grupo, incluindo crianças, desembarcou no Distrito Federal na quarta-feira (20), onde vai ficar hospedado. Ao todo são 26 pessoas, que terão aulas de português com professores da Universidade de Brasília (UnB), apoio médico e alimentação.

A ação humanitária é em parceria com o governo federal e a Associação dos Magistrados Brasileiros. Autoridades e entidades de classe vinham se mobilizando pelo acolhimento das magistradas no Brasil, desde agosto, quando o regime extremista do Talibã tomou o poder no Afeganistão.

O pedido é para emissão de vistos humanitários para 270 juízas que ainda residiam no Afeganistão. No documento, consta que as magistradas "encontravam-se em risco por desempenharem a função" e, eventualmente, por "terem julgado e condenado membros do regime Talibã".

A diretora da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e especialista no tema, Clara Motta, explica que as magistradas têm um visto humanitário dado pelo Brasil, ou seja, possuem autorização para entrar no país e pedir asilo, que é feito através do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE). "Eu acredito que o processo será rápido porque há uma predisposição do governo brasileiro, dos órgãos públicos e uma situação clara de perseguição no país de origem. O Brasil deve auxiliar o cumprimento dos termos da convenção internacional de direito dos refugiados de 1951", diz Clara.

Em agosto, no entanto, a ministra do Superior Tribunal Militar, Maria Elizabeth Rocha, disse em entrevista à GloboNews que "será difícil resgatar todas essas mulheres". "Já não são mais 270, algumas já morreram, lamentavelmente foram assassinadas", disse a ministra, à época.

Acolhimento em Brasília

No Distrito Federal a ação humanitária é acompanhada pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus). O governo local vai oferecer acompanhamento social, psicológico, de saúde, ensino e documentação às mulheres afegãs e familiares.

O Talibã é conhecido como grupo fundamentalista que, em uma primeira passagem no governo do Afeganistão, nos anos 1990, restringiu direitos básicos das mulheres, impedindo-as de terem acesso ao mercado de trabalho, à educação e até de frequentar espaços públicos sem a presença dos maridos.    


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